Expansão do crédito compromete margem
09-Apr-2010
Se no ano passado os bancos deixaram de lado o financiamento de veículos por conta da crise, a competição promete ser acirrada em 2010. Não só pela volta do apetite pelo crédito de maneira geral, mas também porque os bancos públicos turbinaram essas áreas, o Banco do Brasil com o Votorantim e a Caixa com o Panamericano. Além disso, os bancos de montadora também não querem ficar atrás.
"Pretendemos manter nossa penetração", diz Luiz Montenegro, presidente da Anef, associação que representa essas instituições. No ano passado, esses bancos responderam por quase dois terço dos financiamento de carros novos durante a crise.
A expectativa da Anef é de que as carteiras de financiamento (CDC) e leasing para veículos e motos tenham expansão entre 10% e 15% sobre o volume de dezembro do ano passado (R$ 157 bilhões). Assim, o estoque total pode atingir R$ 180 bilhões. Há também espaço para ampliação do mercado como um todo, já que as vendas à vista cresceram 3 pontos percentuais, para 39% do total no ano passado.
Os dados iniciais de 2010 comprovam essa tendência. Nos dois primeiros meses do ano o crédito para financiamento de veículos avançou 11% em relação ao mesmo mês do ano passado. O crédito impulsiona a produção, que teve crescimento de 24,4% no primeiro trimestre, quando foram produzidas 826,67 mil unidades.
No ano passado, ao contrário, os grandes se retraíram e obrigaram uma aceleração das concessões dos bancos de montadoras. Por um lado, essas instituições ganharam mercado, por outro, as margens ficaram comprometidas por um aumento das despesas com calotes.
A carteira de crédito dos bancos ligados a montadoras avançou 30%. Com isso, a receita com intermediação financeira teve expansão de 39%, fechando o ano em R$ 10,5 bilhões, segundo levantamento do Valor com os balanços de 13 instituições financeiras publicados no Banco Central.
Como o cenário não era dos melhores, as despesas com provisão para cobrir calotes dobraram (105% de aumento) no ano passado, levando parte do lucro, que caiu, em média 14%. Somados, o lucro líquido dos 13 bancos alcançou R$ 640 milhões, contra R$ 741 milhões de 2008. "Tivemos que sacrificar um pouco as margem no ano passado, mas mesmo assim foi um ano bom", avalia Montenegro.
Segundo ele, os bancos que atuam juntos às companhias são bastante especializados e trabalham de forma que a análise de crédito seja a mais criteriosa possível para que "se passe o mínimo possível da inadimplência para as taxas", diz. Isso, em parte, explica os juros menores cobrados por esses bancos.
Em fevereiro, a taxa média de mercado foi de 1,82%, redução em relação aos 1,9% cobrados em 2010. Já os bancos de montadoras aplicaram juros de 1,4% em fevereiro, também inferior ao patamar do fim do ano passado (1,42%), segundo dados da Anef.
Além disso, segundo Montenegro, a expectativa neste ano é de recuperação das margens, com a volta dos grandes bancos ao mercado, especialmente os públicos BB e Caixa. "A situação será mais favorável daqui para frente, se o cenário continuar o mesmo", diz.
Fonte jornal Valor Econômico - Fernando Travaglini
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